domingo, 9 de outubro de 2011

A morte de Steve Jobs: entre a razão e o coração...


A morte de Steve Jobs chamou uma atenção significativa do mundo, essa semana. O fato me pareceu realmente impressionante, considerando a interrupção trágica de uma carreira tão influente, bem no seu auge. Mas, embora eu não tenha conhecido muito a sua carreira, e muito menos sua pessoa, um pensamento dele me chamou mais atenção.

"Lembrar que estarei morto em breve é a ferramenta mais importante que já encontrei para me ajudar a tomar grandes decisões. Porque quase tudo - expectativas externas, orgulho, medo de passar vergonha ou falhar - caem diante da morte, deixando apenas o que é importante."

Interrompo aqui a continuidade do pensamento para dar um destaque à essa primeira parte, que nos revela uma verdade inquestionável. Não há confronto mais duro nessa vida do que a certeza de que todos morreremos um dia. E qualquer expectativa desses nossos corpos de fumaça morrerão juntas com o orgulho de quem não assume a sua fragilidade... E, enquanto leio essa primeira parte de seu pensamento, vislumbro o que, então, deve haver de importante, e que está além da efemeridade dessa vida... Que esperança nos resta, diante da morte, se não a de que a vida não se resume a uma materialidade visual, e que há certamente uma eternidade bem maior, e que nos ensina a viver? O confronto diante de Jobs, é o mesmo diante de todos nós. Mas será quanto que as "grandes decisões" tomadas condizem com esse confronto?

Bem... a lição que Jobs tirou para suas decisões, ele resumiu assim: "Lembrar que você vai morrer é a melhor maneira que eu conheço para evitar a armadilha de pensar que você tem algo a perder. Você já está nu. Não há razão para não seguir seu coração." É... talvez seja mesmo um caminho mais fácil, seguir o coração... E bem apropriado diante de uma situação de confronto... Mas eu penso que lembrar da minha morte não me evita armadilha nenhuma! Ao contrário, apenas me revela que já fui tragicamente capturado pela armadilha dessa materialidade carnal. E que, enquanto eu estiver nela, (quase) tudo já está perdido! Quase tudo... exceto a minha capacidade de pensar, e não agir por emoções...

Se um dia você se deparasse numa emboscada selvagem e tivesse, de um lado, uma onça feroz numa ameaça eminente de atacá-lo, e de outro, uma pessoa com quem sonha, te chamando atraentemente para viver uma paixão, não pense nem por um segundo em seguir seu coração! Pois um pequeno desvio de seu olhar, fito naquela onça, já seria suficiente para você ser consumido, na emboscada que já caiu... O caminho para sair da armadilha dessa vida não é nada fácil... Ou você pensa estrategicamente, buscando o sentido e a verdade sobre a vida, ou se perde em seus desejos (in)satisfeitos, que serão todos aniquilados, um dia, pela morte...

"Nossa capacidade de pensar é o poder de Deus comunicado à nós." (C. S. Lewis).

Um comentário:

  1. Lembrando também que seguir um coração perdido pode ser, sim, uma armadilha, pois "enganoso é o coração do homem". Jr 17.9
    Belíssimo texto!

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