E o fiz, receioso como sempre de uma pane eminente no veículo, que pudesse me deixar abandonado em uma estrada de terra deserta e escura, que dá acesso à casa onde nos encontramos. A condução tem lá seus riscos, mas tem um radinho legal que sintonizei, então, numa estação local, quando fui surpreendido pela música que tocava, e que já ouvi e cantei algumas vezes, confundido pelas trocas poéticas de suas palavras. Fluia o som...
Ah...
na vida a gente tem que entender...
que um nasce pra sofrer...
enquanto o outro ri...
A gente tem mesmo que entender isso? Como entender o sofrimento de uma criança imobilizada por uma esclerose, que passa num carrinho de bebê pela cidade, conduzida pela mãe dedicada que divide seu tempo entre a criança, as responsabilidades domésticas e o trabalho fora pra garantir alguma mínima subsistência? Isso enquanto passa por ela um jovem que, sem ser tão dedicado, goza de saúde e alguns privilégios sociais que facilitam a sua sobrevivência diante de dificuldades igualmente... sufocantes, na cidade. (A pior tragédia é ser bem sucedido no que não importa). De onde virá a justiça dessa terra? Haverá justiça nessa terra?
Num passeio desinteressado pela cidade fica evidente que os privilégios de alguns realmente não são méritos de qualquer esforço próprio. E isso é por demais confrontador à nossa condição e existência.
A questão, me parece, é que o inevitável sofrimento é ameaça fatal ao impulsivo controle que pretendemos ter pra fazer as coisas correrem bem, na vida. E realmente, não é por nossas leis que as coisas acontecem, na vida, mas pelas leis da própria vida. E o sofrimento é uma condição inerente à propria vida. Como lemos de Lewis, "t
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