quinta-feira, 31 de março de 2011

A morte de José de Alencar

Coisas que me chamaram atenção no evento:

Fiquei sabendo da notícia pelos corredores, no trabalho, após poucos minutos do falecimento do ex-vice-presidente. Os veículos eletrônicos de comunicação já estavam agitados para preencher os espaços entre as novelas, então ocupados pela ameaça radioativa no Japão e pelo "orgulho libanês", com outro ocupante à altura, que conquistaria a mesma atenção dos espectadores. Pelo menos por uns dias, na semana.

Lula e Dilma anteciparam a volta de Portugal e choraram amargamente a morte do amigo e aliado político. Vi o ex-presidente chorar mais do que a presidente. E com sentimento muito sincero de tristeza. Me impressionou o seu aspecto abatido e visivelmente fraco. O impacto da imagem de um ex-presidente da República chorando, entre as agraciações de força que tem recebido por aí, nos faz refletir muito. Assim como o choro de uma mulher.

A honraria governamental foi garantida pela bela encenação militar e assustadora exibição bélica (mas um militar desmaiou...). Li informação que confirmou uma suspeita, de que a minha geração ainda não tinha assistido a um funeral de tanta pompa, outorgada na res-pública planaltina. A não ser que os meus contemporâneos recordem o funeral de Tancredo Neves, quando se findava um longo movimento de "orgulho militar", no Brasil.

Na passagem rotineira dos dias úteis da semana, morreu naturalmente mais um brasileiro comum. Gente simples, dessas Minas Gerais, forte na dura luta contra a doença, mas fraco na luta vã contra a morte. Boa oportunidade, esse evento, para as exibições de força de uma nação empenhada na sua luta por hegemonia, neste jogo de poder que é a vida. Boa oportunidade essa... ao dizer que um de seus líderes morreu...

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