sábado, 14 de maio de 2011

Sobre guerras e justiça...

Há alguns dias fomos todos surpreendidos com a notícia da morte de Osama Bin Laden. Ou melhor... nem todos assim, da mesma forma. Um pequeno grupo da liderança norte-americana sabia (?) e assistia à operação. E outro grupo deve ter sido mais surpreendido que nós, se expondo agora aos gritos e ataques, sendo que não apenas receberam uma notícia, mas foram vítimas da morte de seu líder, e se dizem até injustiçados.

Mas o anúncio por Obama da morte de Osama ecoou nos jornais com uma fala muito parcial de que "justiça foi feita", em memória aos ataques sofridos em 11 de setembro de 2001. No jornal Metro, de Vancouver, aparece uma frase de Obama dizendo que o falecimento deveria ser bem recebido por todos que valorizam a paz e a dignidade humana. Já a Globo lembra, no entanto, a promessa de Osama, de que os Estados Unidos não teriam segurança enquanto a Palestina não vivesse em paz. Parece que ambos buscam a mesma coisa... sem saber o que ela significa, realmente...

Há grupos diferentes e visões diferentes nesse mundo. E entre tantos impasses, fica difícil dizer o que paz, o que é bom, ou o que é justo ou não fazer...  Longe de mim defender a Al Qaeda. Mas a contradição é nítida diante da guerra... pela paz. Ou com afirmações sobre "justiça", diante da "injustiça" alheia. Ou seja, se faz justiça fazendo injustiça...Sem medir os danos causados inicialmente pela Al Qaeda aos norte-americanos ou vice-versa, o problema é a limitação da nossa noção de "justiça". 

Não agir contra Bin Laden poderia significar uma exposição covarde dos Estados Unidos à mortes e, assim, negligência em proteção a seu povo. Mas, como tantos disseram, "deveriam o apreender, masnão matá-lo!"... Se tivesse acontecido assim, já pensou que bomba relógio os EUA teriam nas mãos, expondo-se a ameaças e ataques maiores pela soltura?

Após tantas conversas que já rolaram por aí sobre o assunto, eu tiro uma lição: quão limitados nós somos, miseráveis seres humanos, para fazer justiça... Por mais que nos pareça "bom" ou "seguro" algumas ações, não dá pra dizer, humanamente, o que seria justo ou não fazer. Na verdade, o que afirmamos sobre justiça é algo que extrapola a nossa fragil condição humana, sendo que não conseguimos afirmá-la em nós mesmos.

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