segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Agora chega!


A música Construção, de Chico Buarque, anteviu a agonia: “E flutuou no ar como se fosse um pássaro. E se acabou no chão feito um pacote flácido. Agonizou no meio do passeio público. Morreu na contramão atrapalhando o tráfego...” Anderson Fidelis
Anderson dos Reis Fidelis, 30 anos, marido de Juliana e pai de Bianca (de apenas 8 meses), pedreiro, congregado batista de Teixeiras, foi o protagonista da semana em uma das tragédias envolvendo as construções de Viçosa. Denúncia!
Denúncia cruel de uma sociedade ambiciosa que valoriza o acúmulo de riqueza em total desprezo pela vida humana. Gota d’água
Gota d’água para mim e para outros que estamos perigosamente, passivamente, escandalosamente calados. Se Anderson teve ou não culpa na queda. Se a empresa de construção proporcionou ou não a segurança. Não é o caso. O caso é que as construções continuam perversamente fazendo vítimas visíveis ou invisíveis, trágicas ou sutis, pessoais ou coletivas, que se tornam, apenas, assuntos curiosos de nossas conversas. Crescem as construções sem qualquer respeito ao ambiente, à natureza e ao ser humano. Protesto!
Eu protesto: iniquidade! Eu grito: desumanidade! É extremamente injusta a usura imobiliária de Viçosa. É de longe o nosso maior pecado social. O que fazer?
O que fazer diante da denúncia? Chorar e agir!
Chorar – porque é vergonhoso e ímpio. Agir – não participando na construção de prédios para ganhar mais dinheiro; não participando da especulação imobiliária; não participando no reajuste abusivo de aluguéis; não participando na compra de mais imóveis; não participando no acúmulo de bens. Aí, sim!
Aí, sim, poderemos nos unir, pôr a boca no trombone e dizer em alto e bom som: Chega!
Jony de Almeida
(Texto publicado no boletim da Igreja Presbiteriana de Viçosa, em 28 de Agosto de 2011.)

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