sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Carnaval é festa de quê, mesmo?!

- Alguns são presos com drogas que seriam vendidas no carnaval em Ouro Preto... - Adolescente é apreendida com metralhadora em BH... - Aids é uma incógnita para maioria dos jovens brasileiros... -Jovem salva a namorada e morre atropelado por motorista alcoolizado... Essas são algumas das notícias que li hoje cedo, à véspera de um feriado que me levanta a questão: O que se celebra no carnaval?!

Lembro-me do que escrevi sobre o carnaval, ano passado, descrevendo-o como suposta festa religiosa (Oba Oba, carnaval)... Mas pensando mais um pouco, hoje eu diria o oposto. O carnaval é uma festa anti-religiosa (claro...). Não num sentido crítico, racional, maduro, como necessitamos contra uma religiosidade farisaica, materialista, estetica, e cegamente ritualística. Ao contrário, o carnaval se apresenta como a negação da razão, do equilíbrio e, assim, da conciliação da humanidade à sua essência espiritual.

Não quero discorrer sobre qualquer sentido verdadeiro de religião, ou argumentar a existência dessa espiritualidade, que dia a dia clama dentro de mim por algo mais essencial do que essa carnalidade vazia. Mas, a despeito dos sentidos racionais de rituais religiosos, o carnaval surgiu associado ao calendário católico como uma festa de consumo excessivo de carne, à véspera da quaresma, quando propunha-se suspendê-la da dieta dos cristãos, em busca de equilíbrio e domínio próprio. Algo como uma festa do desequilíbrio, em prol do equilíbrio...

Não é nenhuma novidade, isso, nessa nossa tendência tão pecaminosa. De fato nós humanos (eu, inclusive) nunca quisemos equilíbrio algum, como verdadeiramente propõem as doutrinas religiosas. E não é uma prática ritualística impensada que vai nos doutrinar cegamente sobre algum equilíbrio necessário.

Não... não uma prática ritualística... Mas talvez a minha própria razão me chame à atenção desta necessidade por equilíbrio. Uma razão que não se encerra em rituais, e nem se resume à fisiologia do meu cérebro ou do meu corpo. Mas uma razão que me conecta diretamente à existência de um "Bem" maior do que esta minha condição material tão miserável. Uma razão que dá sentido real às nossas celebrações, que não se encerram em nós mesmos, ou numa satisfação pessoal qualquer.

Como já disse, eu também gosto de festas, curtir amigos e celebrar algo que realmente tenha sentido na vida. Mas na minha comunidade ampliada, nas notícias que leio, ou no contexto que assisto passando na janela, parece que o carnaval não representa isso, e me serve mais pra revelar o quanto nós, humanos, realmente precisamos de mais equilíbrio... É chato dizer, né? Mas pra quem é feito só de carne... como um pedaço de pau oco... ou como quem é feito de ferro, mesmo..., que celebrem a vontade o desequilíbrio insaciável do carnaval. #Bom Carnaval...

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