domingo, 12 de dezembro de 2010

Con-tradição: filosofia do infinito...


Como questionava na página anterior, o que é a verdade? É ilusão concluir a noção da dialética pensando que a verdade são idéias em movimento, apenas. Pois, afinal, onde começa esse movimento? Onde começa o movimento das coisas? E onde vai acabar? A noção do infinito, da eternidade do tempo e da infinitude do espaço, muda muito as nossas perspectivas sobre do que afirmamos, e as nossas posturas com a própria vida. Se pararmos pra pensar, olhando para o relógio ou olhando para o céu, é difícil entender nossa angustiante limitação temporal e física diante dessas eternidades...
Outras incompreensões podem surgir em termos materiais. Penso que a mais profunda ciência natural não deve explicar, afinal, de que é feita a matéria! (Meu amigo, de que são feitos os átomos? De que são feitos os prótons, elétrons... e outras partículas que talvez você conheça melhor do que eu?! Parece que somos uma fumaça...) Bem, já ouvi um amigo doutor (por aclamação), explicar em algumas análises rápidas da teoria da relatividade de Einstein e outras coisas, que as partículas são feitas de carga... ou melhor, luz! Ou seja, nós, por extensão, somos apenas luz! ... É, aí eu concordo! (apesar de que explicar o que é a luz é outro passatempo das ciências... Pare e pense, de novo: o que é a luz? Alguém me responda! Não é um desafio, é só uma dúvida!). Bem... é por esses mistérios incompreensíveis que eu prefiro acreditar em algo além dessas “verdades”. E baseado nisso, digo que contradição se faz com tradição.
E o que é a tradição?  (olha lá no Aurélio!). Não... não caia noutra ilusão aqui de pensar em uma mera verdade dita por alguém, algum dia, num passado remoto, que se tornou a verdade de muitos, durante muito tempo, sem se saber mais o por quê... Afinal, essa verdade só existiria contradizendo outra, e se colocarmos essa sequência dialética de confrontos de verdades numa linha cronológica em retrocesso, vamos novamente cair na incompreensível eternidade! ... Ok! Então, façamos! Porque nela talvez encontremos uma tradição verdadeira!
Pra mim parece que uma grande limitação das certezas humanas está na sua contraposição à eternidade! A infinitude do tempo e espaço, como disse, nos engole em uma insignificância pueril! E é nessa insignificância que Deus se revela a nós como Pai da Eternidade! Uma verdade que excede até a minha capacidade de compreensão de verdades...
Tomando por referência a Bíblia1, essa é uma entre outras identidades apresentada pelo próprio Deus a respeito de si. E outra forma ainda mais intrigante em que ele se apresenta é quando diz de si, simplesmente: Eu Sou! (Exôdo 3:14, João 8:58) Lembro, então, daquela definição do Aurélio, citada na postagem anterior, que diz que “cada coisa que é só se compreende pela negação de algo que a precedeu”. Pensar nisso e olhar para a eternidade do tempo e do espaço nos leva a entender a limitação das nossas afirmações. Mais ainda se pensarmos que nada precedeu a ele! Por isso ele é o princípio e o fim, o pai da eternidade, o Deus que, antes de tudo, já é! (João 8. E não é “era” não, é “é” mesmo, de um Deus atemporal). O Deus Eu Sou significa, pra mim, a própria existência, sem a qual nada seria nada, nada existiria (e o que é o nada?). Derruba-se nisso o sentido de qualquer outra existência fora dele. Nesse sentido, a minha composição material não é nada mesmo... ou é só uma fumaça... ou é apenas luz! Pensando nisso, reflita sobre a luz de novo. Eu sou apenas reflexo de Deus... (ai de mim...).
A partir disso é que afirmo algo sobre a tradição referida. As dialéticas das nossas verdades só se movem a partir de uma verdade maior do que todos nós, mesmo que aquelas sejam contra essa. Mesmo que a contradição seja contra a tradição.
Pra ilustrar uso o exemplo do moinho, um instrumento de produção bem tradicional... e muito moderno! Todo moinho é formado de duas partes principais: uma fixa e outra giratória. É do movimento desta segunda parte que se proporciona desenvolvimento, na atividade do moinho (mói grãos que alimentam, gera energia, etc.). Mas se não houver uma forte base, a parte fixa, essa parte giratória não consegue o desenvolvimento proposto.
Acontece assim com a gente. O movimento da parte giratória são as nossas contradições, que só proporcionam desenvolvimento com muitos atritos e confrontos... E a base fixa é a tradição, que impede a parte giratória de sair rodopiando por aí, sem sentido algum, ou cair dura no chão... Bem, se você não aceita que está preso a esta tradição, pense então que, assim como o moinho, o homem não vive sem água ou ar. E de onde eles vêm?
Essa é uma verdade que descobri, que me firma e que me move... Não que eu seja dono dela, quem sou eu! Quero deixar que ela seja dona de mim! As minhas verdades mesmo são só brincadeiras de criança... são de mentirinha... É como dizia Paulo, então, a tantos correspondentes em Roma: por causa da minha mentira, fica em relevo a verdade de Deus! (Romanos 3:7)
1  O que está dito na Bíblia, pra mim,é algo bem humano e, portanto, divino! Não apenas como uma verdade dita por alguns homens, pra mim. Mas uma verdade que só pôde ser escrita por haver algo bem maior que a precedeu, e que inclusive criou a inteligência humana para tanto, como para outras ciências. E, ainda, uma verdade que dá esperança sobre-humana à nossa efemeridade..., como a eternidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário