quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Vidas secas, ramos e graça...

Li Vidas Secas esse ano, de Graciliano Ramos. Um presente muito especial que ganhei de uma amiga. A leitura foi agradável e rápida, e me choquei quando cheguei no final. Não apenas pelo fim da leitura. Mas também pelo sentimento de contrição, ao ver a fotografia escrita de uma realidade tão irreal pra mim... o desenho em palavras das nossas mazelas sufocadas aqui tão perto...
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 As palavras fazem curvas na narrativa de Graciliano Ramos, que descreve o sertão de um velho homem de braços finos, estendidos no labor sob o sol de secura... da mulher de pernas secas, que assiste os filhos de futuro incerto... e dos filhos de natureza confusa, que olham o horizonte avermelhado... lembrando de uma cadela que guardava o afeto de todos...
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O futuro se dispersa... como os ramos de uma árvore seca apontando ao vasto céu de eternidade... E, de novo, se encontra... como o tronco desta árvore, padecido na secura desta terra... Há vida nova, muito além desta, seca...  A graça dos ramos se encerra em "um mundo cheio de preás"... nas palavras de Graciliano Ramos. De vermelho a azulado, vasto céu de eternidade...

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