quarta-feira, 9 de julho de 2014

O pais amanheceu de luto com a derrocada da seleção ontem, contra a Alemanha. Alguns anunciam ser hoje uma quarta-feira de cinzas. Apropriado. É uma manhã em que, após dias de carnaval, cai a ficha de que estamos numa condição pueril e que a festa era pura ilusão.
Difícil cair a ficha as vezes... mas uma pancada na cabeça talvez ajude. Foi o que aconteceu ontem. Não por um acidente 'fisiológico', como o da Copa de 1998, ou como vários que alertaram pelo caminho. Não. Foi algo consciente. Um time preparado, que trabalhou sério no seu objetivo, que não se desviou à emoções antagônicas ao esporte, nocauteou o outro time que só vive de emoções, comemorando ou lamentando excessivamente... fantasiado com uma falsa faixa de campeão. Uma boa descrição que encontrei para a seleção brasileira é a de que era um time de vidro, que se quebrou. Chegou a intimidar alguns, talvez, que não notaram sua fragilidade. Mas aí a mascara caiu... ou a fantasia toda. 
E a seleção é um reflexo de todo país. Um país que vive de emoções. Que, por mais que reconheça a seriedade dos seus problemas, não sabe tratá-los na realidade. Alivia as dores com uma festa... um riso... ou um choro... um discurso emotivo de palanque... de rua... que distraia os olhos da realidade. Foi bonita a entrevista do capitão do time, ontem. O cara chorou... e é claro que um choro expressa, do fundo, um sentimento sincero. Mas... Davi Luiz... se o Brasil ganhasse, o sofrimento do seu povo não seria resolvido. Seria "uma alegria"... claro. Válida? Talvez... se soubéssemos tratar nossas mazelas... Mas como tratamos?
Vamos pras ruas?! Fazer nossos líderes de Judas e clamar a ideologia da baderna?! Nããão... A grande massa dos nossos protestantes clamaram pacificamente... Mas me diga... Quantos daqueles milhares de brasileiros das passeatas já foram a um conselho de saúde ou educação, na sua cidade? Ou dos que gastaram horrores para assistir aos jogos, dos que vaiaram a nossa soldado de frente, diante do mundo! Ou dos que dispuseram tanto tempo no voluntariado à Fifa... Quanto trabalhamos de fato, minha gente, por um Brasil melhor?
É a pergunta que faço, é claro, primeiramente a mim. O esporte, que deveria ser uma expressão paralela de trabalho sério, disciplina, união... se mostrou na Copa, no Brasil, tudo que seja o oposto disso. E enquanto tento me avaliar, me corrigir... buscar algo sério a me apegar, encontro em meu contexto uma nação Macunaíma... que só gosta de brincar. A "quarta de cinzas" alemã aconteceu há 12 anos atrás, numa derrota equivalente para o Brasil. Ou... numa rendição política há vinte e cinco ou cinquenta anos... e na reconstrução de um país por inteiro... Mas como eu não estou livre de nenhuma das criticas desse meu desabafo,vou começar arrumando meu próprio quarto...

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